CARTA DE AMOR DE UM MINEIRO

Declaração de amor à mineira 
Oi moça,

pára cu`isso! Faz isso cumigo, não... vai dar trauma n`eu... Eu fico oiando pro cê dum jeito assim meio estranho, pensando umas coisa e ocê me deixa inté meio tonto cum essa indiferença, que nem sei se foi o padre que falô procê fazer assim comigo.
Di quarqué manera, sô, gosto muito desse seu jeitinho tímido de trocar prosa, porque quando cê se arresorve a trocá prosa conta uns causo bão... Tem dó, vai, deixa eu si aproximá pra móde perguntá seu nome. Cê é tão bonita que lembra aquele céu lá de Três Pontas. Teu olhar é mais estrelado que aquelas noite de lá, dá pra ver o Cruzeiro do Sul e a Via Láctea inteira, e é por isso que às veiz eu sonho e acho que você é mesmo um anjinho, daqueles que vai chegá voando, me pegando as mãos de mansinho pra móde levá eu pro céu.
Ai, sô... Quando eu passo na carçada na outra banda da rua e ocê não óia pr`eu, eu fico doido, sô! Aparece aquele baita nuvão na minha cabeça que parece que o mundo vai desabar bem em cima do pobrezinho do meu coração. Óia p`reu, vai, Faz assim cumigo, não! Tem dó, vai...
Cê sabe moça que eu amo ocê e que esses seus zóinho parece mais duas jabuticaba bem madurinnn.. Deixa de oiá pr`eu desse jeito meio sonso, eu preciso d`ocê mais pertinho, mais aconchegada, pra podê dizê umas coisa bem engraçadinha nesses seus ouvidinho de veludo... tão maciozinho que até parece pelinho de oveia...
Mais, moça... cê ocê tá pensando que eu vô fica aqui aqui prantado esperando ocê se decidi, pode tê certeza que eu tô muito tranquilo... Vô lá pro pesquero pegá uma traíra pra fritá... verdura tem de monte, já que lá em casa sempre chove na minha horta...
Cê sabe que minero é discunfiado, mais é previdente. Sabe não, sô?

Um beijo do

JORGHE